Andrei Oliveira
15/09/2020
Um dos mais populares youtubers brasileiros, Cocielo gerou controvérsia com piada na época da Copa Do Mundo em 2018, onde escreveu no Twitter: “Mbappé conseguiria fazer um arrastão top na praia, hein”, referindo-se ao atleta da seleção francesa de futebol. Diante disso, internautas fizeram um grande garimpo pela sua página, encontrando mais outras publicações de tom questionável, apontadas como preconceituosas.
“Porque o Kinder ovo é preto por fora e branco por dentro? Porque se ele fosse preto por dentro o brinquedinho seria roubado, KKK #maldade”, dizia um post de 2010, enquanto em 2013, foi descoberto tweet em sua conta que dizia: “nada contra os negros, tirando a melanina”.
Um outro tweet dele do final de 2013 ainda dizia: “o Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas. Mas já que é proibido, a única solução é exterminar os negros”, e essa situação teve enorme repercussão na mídia.
Embora tenha feito diversos pedidos de desculpas, e até um vídeo em que tentou se mostrar consciente de erros, Cocielo ainda está enfrentando as consequências das suas ações. Respondendo ação do Ministério Público, que cobra uma indenização de R$ 7,5 milhões pelas suas piadas, hoje (15) tivemos relatórios de que Júlio Cocielo se tornou réu na Justiça de São Paulo sob acusação de racismo com a juíza Cecilia Pinheiro da Fonseca, da 3ª Vara Criminal de São Paulo, a qual aceitou uma denúncia feita pelo MP. Caso seja condenado, a pena é de dois a cinco anos de prisão.
“Contar uma piada sobre negros não transforma um humorista em uma pessoa racista ou propagador do ódio contra negros, da mesma forma que contar uma piada sobre judeus não transforma um humorista em uma pessoa antissemita”, afirmou o advogado Maurício Bunazar, que representa ele no processo cível.
O youtuber diz ser afrodescentente, nascido em uma família pobre da periferia, e que sabe na pele o que isso significa. “É evidente que Cocielo faz piadas com sua própria condição, o que um artifício humorístico usado por comediantes no mundo todo. Há diversos comediantes judeus, da mesma forma que muitos comediantes negros fazem piadas com estereótipos da população afrodescendente”, diz seu advogado.
Segundo a defesa apresentada à Justiça, a interpretação das piadas não pode ser feita sem considerar a sua história pessoal. O advogado afirma que o Ministério Público distorceu os fatos ao acusar o youtuber de racismo.
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