MC Maneirinho recebe intimação da polícia por suspeita de apologia ao crime em músicas
Uma das principais vozes da atual geração da música de periferia carioca, MC Maneirinho está enfrentando um momento de tensão por conta do seu trabalho. Conhecido por cantar músicas que refletem a realidade sob a qual foi criado, o artista recebeu hoje (29) uma intimação para depor na delegacia sobre uma investigação que apura apologia ao crime
Em redes sociais, Maneirinho compartilhou uma foto com o documento emitido por autoridades, fazendo desabafo ao dizer: “É COM MUITA TRISTEZA NO CORAÇÃO QUE VENHO INFORMAR TODOS MEUS FÃS E AMIGOS, QUE FUI SURPREENDIDO ESSA SEMANA COM UMA INTIMAÇÃO. ESTOU SENDO ACUSADO DE APOLOGIA AO CRIME. PEÇO MEUS SEGUIDORES E AMIGOS DA MUSICA QUE AJUDEM NESSA. NÃO POSSO SER VÍTIMA DESSA COVARDIA”.
“Não sei do que se trata essa intimação, mas acho um absurdo ter que ir depor se não fiz nada de errado. Tudo que já cantei eu já vi ou vivi. Não sou envolvido com drogas, não sou fichado pela polícia. Escuto proibidão desde pequeno e nunca peguei em uma arma, nunca influenciou minha educação e nunca cometi crime por isso”, comentou o cantor ao G1.
Nascido e criado no Morro do Serrão, em Niterói, explicou o conteúdo lírico e contexto por trás das suas letras. “Assim como eu, outros artistas e todo MC funkeiro vai ter que falar da realidade em que vive, e, muitas vezes, o crime e as drogas estão no contexto em que vivemos. Não moramos em Copacabana, no Leblon, nossa realidade é outra”, argumentou o MC.
“A gente faz o que o Padilha e o Wagner Moura já fizeram, que é interpretar a realidade. Filmes e séries gravam em favelas, mostram armas, drogas e ganham prêmios. Mas quando isso é feito por nós, artistas moradores das comunidades, somos apontados como criminosos”, acrescentou ele.
Contratando advogados para lidar com a questão, o artista desabafou: “vamos tentar entender por que estou sendo chamado para depor. Nunca segurei arma, nunca vendi droga, por que vou ficar de frente para um delegado? Hoje em dia, todas as plataformas de músicas têm classificação etária. Não posso ter acusado por apologia por estar com um microfone na mão, porque a gente não é bandido. A culpa de existir tráfico de drogas não é nossa. Existe a liberdade de expressão e eu faço música, faço arte”.